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segunda-feira, 13 de maio de 2013

Mães: todas diferentes, todas iguais



Sempre fui apaixonada por livros. Tinha o hábito de ler com frequência, muitas vezes li um livro todo em um dia. Mas posso contar nos dedos de uma só mão quantos livros li no último ano. Sempre gostei de estudar e fazer minhas tarefas à noite, pois era a parte do dia que eu tinha mais energia. Hoje posso deitar às 20:30 que rapidamente pego no sono. Planejei minha carreira e sempre tive muita força de vontade para buscar oportunidades, mas um pequeno grande fato mudou de lugar tudo que eu pensava sobre mim e meu futuro. Me tornei mãe. É como se a vida se dividisse bruscamente entre o antes e o depois. Todas as prioridades mudam de lugar. Sonhos que pareciam tão vivos perdem o brilho diante da genuína felicidade que o pequeno novo ser traz para a vida de uma mulher. E este é um amor que só absorvemos e entendemos quando passamos por ele.  
O segundo domingo do mês de maio também é Dia das Mães na Alemanha. Mimos e carinho, flores, presentes e apresentações na escola fazem parte da comemoração. Porém o cenário é outro: a Alemanha é um país com cada vez menos mães. A falta de creches e escolas integrais, a herança cultural do período nazista – onde as mulheres eram incentivadas a ficar em casa e terem muitos filhos – não abrem um espaço adequado para que a mulher concilie carreira com maternidade. O sistema tributário é gerado em favor de um pai provedor e uma mãe do lar, se tornando simplesmente financeiramente inviável ter filhos e trabalhar fora ao mesmo tempo.
Numa escala européia, a Alemanha tem o índice de natalidade mais baixo, e numa escala global, a situação é ainda pior. De 27 países com populações acima de 40 milhões, a Alemanha ocupa o penúltimo lugar em termos de crianças com menos de 15 anos como porcentagem da população total. Isso tudo apesar da política de governo apoiar as famílias, oferecendo benefícios financeiros para quem tem filhos, em mais de 150 bilhões de euros anualmente. A queda do número de mulheres em idade de procriar, a influência da crise econômica e a dificuldade em encontrar o par ideal, também estão entre os motivos.
 Ser mãe por si só não é das tarefas mais simples, imagine então em uma cultura que enfrenta dificuldades na natalidade. Conquistamos novos papéis, mas não abandonamos os antigos. Continuamos tendo estruturas cerebrais que dão ao homem e a mulher noções sobre a vida e o mundo bem diferenciadas. Continuamos gerando os filhos, continuamos (a maioria) tomando mais conta dos afazeres domésticos do que eles. A cobrança para ser uma boa mulher, profissional, namorada, esposa, filha e mãe existe e é realmente uma saga a ser conquistada.
Independente da condição social, do local onde vivem e das circunstâncias, muitas são semelhanças entre as mães. Constatei um episódio interessante sobre a maternidade, no filme “Babies”, produzido em  2010, que acompanha o desenvolvimento de quatro bebês em quatro diferentes lugares do mundo, durante um ano. Neste documentário podemos observar que há hábitos nossos que transcendem as distâncias e diferenças culturais. Mesmo há oceanos e milhares de quilômetros de distância, o fato de sermos mães simplesmente nos une.

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