Sempre fui apaixonada por
livros. Tinha o hábito de ler com frequência, muitas vezes li um livro todo em
um dia. Mas posso contar nos dedos de uma só mão quantos livros li no último
ano. Sempre gostei de estudar e fazer minhas tarefas à noite, pois era a parte
do dia que eu tinha mais energia. Hoje posso deitar às 20:30 que rapidamente
pego no sono. Planejei minha carreira e sempre tive muita força de vontade para
buscar oportunidades, mas um pequeno grande fato mudou de lugar tudo que eu
pensava sobre mim e meu futuro. Me tornei mãe. É como se a vida se dividisse
bruscamente entre o antes e o depois. Todas as prioridades mudam de lugar.
Sonhos que pareciam tão vivos perdem o brilho diante da genuína felicidade que
o pequeno novo ser traz para a vida de uma mulher. E este é um amor que só
absorvemos e entendemos quando passamos por ele.
O segundo domingo do mês de
maio também é Dia das Mães na Alemanha. Mimos e carinho, flores, presentes e
apresentações na escola fazem parte da comemoração. Porém o cenário é outro: a
Alemanha é um país com cada vez menos mães. A falta de creches e escolas
integrais, a herança cultural do período nazista – onde as mulheres eram
incentivadas a ficar em casa e terem muitos filhos – não abrem um espaço adequado
para que a mulher concilie carreira com maternidade. O sistema tributário é
gerado em favor de um pai provedor e uma mãe do lar, se tornando simplesmente
financeiramente inviável ter filhos e trabalhar fora ao mesmo tempo.
Numa escala européia, a
Alemanha tem o índice de natalidade mais baixo, e numa escala global, a
situação é ainda pior. De 27 países com populações acima de 40 milhões, a
Alemanha ocupa o penúltimo lugar em termos de crianças com menos de 15 anos
como porcentagem da população total. Isso tudo apesar da política de governo
apoiar as famílias, oferecendo benefícios financeiros para quem tem filhos, em
mais de 150 bilhões de euros anualmente. A queda do número de mulheres em idade
de procriar, a influência da crise econômica e a dificuldade em encontrar o par
ideal, também estão entre os motivos.
Ser mãe por si só não é das tarefas mais
simples, imagine então em uma cultura que enfrenta dificuldades na natalidade. Conquistamos
novos papéis, mas não abandonamos os antigos. Continuamos tendo estruturas
cerebrais que dão ao homem e a mulher noções sobre a vida e o mundo bem
diferenciadas. Continuamos gerando os filhos, continuamos (a maioria) tomando
mais conta dos afazeres domésticos do que eles. A cobrança para ser uma boa mulher,
profissional, namorada, esposa, filha e mãe existe e é realmente uma saga a ser
conquistada.
Independente da condição
social, do local onde vivem e das circunstâncias, muitas são semelhanças entre as
mães. Constatei um episódio interessante sobre a maternidade, no filme “Babies”, produzido em 2010, que acompanha o desenvolvimento de
quatro bebês em quatro diferentes lugares do mundo, durante um ano. Neste
documentário podemos observar que há hábitos nossos que transcendem as
distâncias e diferenças culturais. Mesmo há oceanos e milhares de quilômetros
de distância, o fato de sermos mães simplesmente nos une.
Oi Cá, pode usar o texto pra sua coluna, claro!
ResponderExcluirBjs!