Muitos dos países europeus são estigmatizados por serem
considerados países de primeiro mundo, enquanto o Brasil ainda está em ascendência,
em crescimento, um mero candidato a emergente. Estes juízos de valor passam a
imagem de lugares onde as pessoas vivem muito melhor, o que acaba sendo
associado ao luxo e a ostentação, muito comum na pequena parte da sociedade
brasileira que “vive melhor que os outros”.
Mas o que o brasileiro imagina que seja viver bem na Europa,
muitas vezes não coincide com a realidade do Europeu. Falando em linhas gerais,
– evidentemente há exceções – viver bem na Europa é ter muitas responsabilidades
sociais, das quais frequentemente, nem nos privilegiamos no Brasil. Viver na
Europa para um cidadão de classe média não é viver com os mesmos valores de um
cidadão do mesmo patamar Brasileiro. Se burocracia existe? Sim, existe e muita.
Mas funciona. Se os europeus pagam muitos impostos? Pagam, pagam imposto pra
tudo, aos montes. Os europeus médios – a grande maioria da população – não tem
empregada doméstica, pintam suas próprias casas, montam seus móveis, levam seu
lanche de casa mesmo quando adultos, não gastam quantias exorbitantes de
dinheiro em roupas, calçados e acessórios de marca – afinal aqui não faz tanta
diferença mesmo se voce estiver vestindo alguma grife ou não.
A Europa fora dos grandes centros exala uma simplicidade
única. Os ricos, que são poucos, devido a melhor distribuição de renda – quem
ganha mais, paga mais impostos e tributos – frequentam as mesmas escola dos
não-tão-privilegiados.O sistema faz com que ricos e pobres participem dos
mesmos direitos e deveres na saúde. Executivos vão ao trabalho de bicicleta, e mulheres são incentivadas financeiramente a
cuidar de seus filhos por conta própria.
Viver no primeiro mundo oferece muitas regalias, como
por exemplo, não ter que conviver com ruas esburacadas, sem pavimentação; não
conviver com a miséria extrema no dia-a-dia, com a famigeração; correr um risco
altíssimo de não existir um cão sequer abandonado nas ruas da sua cidade;
usufruir do conforto dos aquecedores e das janelas duplas, que além de
aquecerem proprocionam um silêncio jamais sentido pela maioria de nós,
brasileiros; participar de um mundo onde a ordem e o progresso são percebidos
nas ações mais simples do dia-a-dia, como numa ida ao supermercado, ao posto de
gasolina ou ao médico. É poder usufruir muito mais do tempo livre. É encontrar
praças para as crianças sempre com a manutencão em dia; passeios para pedestres
e um trânsito que oferece mais segurança. Coisas com as quais muitas vezes nem
sonhamos mais, do outro lado do mundo são uma realidade palpável. Enquanto o
que pensamos ser real, o luxo, a riqueza e a ostentação, estão longe do topo de
principais juízes de valor.
E mesmo diante de um cenário tão encantador, tanto para
quem mora quanto para quem visita, estes mesmos lugares enfrentam o frio, a
falta de sol e de calor humano, já enfrentaram guerras e muita destruição,
passam em muitas partes da zona do euro por uma crise desesperadora para muitos
jovens que desejam construir um futuro, ter uma oportunidade de trabalho. Mesmo
diante dos pós e contras, nós, brasileiros, ostentadores e famigerados, somos
considerados os exóticos donos do poder de viver com alegria e satisfação.
Somos proprietários de um país tropical abençoado por Deus e bonito por
natureza – luxo inigualável, com muita alegria de viver espalhada em nossas
falhas, na nossa pobreza. Artigo raro para um primeiro mundo que enfrenta os
índices mais altos de suicídio, talvez por não terem a oportunidade de perceber
que se nós, se estívessemos no lugar deles, pularíamos muito mais de alegria e
faríamos carnavais e peladas de futebol melhores ainda.
Texto de minha autoria, para a publicacao do jornal Gazeta notícias de abril de 2013. É proibida a cópia e reproducao sem autorizacao. Todos os direitos reservados.
Adorei!! Bem que percebi que vc escreve bem e depois vi que vai para um jornal. Acho que gostaria muito de viver no luxo europeu. Por mais que me considerassem estrangeira para sempre(o que de certa forma, eu seria mesmo)eu gostraia de ter a oportunidade de morar na Europa. Principalmente na Alemanha, com está língua e bandeira tão lindas. Meu marido até implica pq gosto da língua, mas o que posso fazer? Amor simplismente acontece...:)
ResponderExcluirVerônica
Como vc mesmo disse, amor simplesmente acontece, e é real, mesmo sendo por um lugar! Voce tem alguma outra ligacao com a Alemanha? Abracos!
ExcluirOlá! Vi o comentário sobre a Alemanha. Tb adoro o país e a língua. Faço curso de alemão, mas ainda não falo fluentemente. Tem curso superior e cidadania italiana. Gostaria de saber sua opinião quanto a morar na Europa. Acha que tenho chances de ter uma vida digna? De conseguir um emprego que não seja lavar pratos ou servir mesas? Moro no Rio de Janeiro, a cidade "maravilhosa" mais cara do Brasil e mais cara que muitas grandes capitais estrangeiras. Acredito que quem sobrevive aqui no Rio de Janeiro, consegue viver em qualquer parte do mundo. Bjos
ResponderExcluir