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sábado, 17 de setembro de 2011

Filhos e profissão

Ah, vamos lá, todo mundo sabe que ser mulher hoje em dia não é das tarefas mais simples.

Conquistamos muitas coisas, é claro, e um espaço maravilhoso que podemos compartilhar de igual pra igual com os homens, podendo votar, participar da vida pública, ter a mais tenra profissão... "Ninguém" vai olhar torto pra você por isso...

Ganhamos novos papéis, mas não abandonamos os antigos. Continuamos tendo estruturas cerebrais que dão ao homem e a mulher noções de espaço, visão, entre outras coisinhas bem diferenciadas (e exigem um pouco de paciência as vezes pra entender o outro), continuamos gerando os filhos, continuamos (a maioria) tomando mais conta dos afazeres domésticos do que eles.

A cobrança pessoal para ser uma boa pessoa, em todos os sentidos, mulher, profissional, namorada, esposa, filha, mãe... é realmente uma saga pra se vencer. Isso quando a cobrança não é só sua, mas sim, também, da sociedade em que se está inserido.

Pras mulheres que eu conheço, é super normal trabalharem fora. Sempre pensei assim em relação ao meu filho, na necessidade dele ir pra o berçário por eu precisar trabalhar fora pra ajudar nas despesas de casa. Aqui os bebês, ainda com quatro meses, vão numa boa, passar o dia todo em uma creche ou berçário enquanto sua mãezinha vai ralar pro suado pão de cada dia, ou alguns, ficam com os avós, quando os tem e estão disponíveis para a tarefa. (claro que tem os que contratam babás, mas não no meu patamar...)

Na Alemanha não é assim. Toda vez que comento com algum alemão que o meu filho vai para o Kindergarten, a expressão é de surpresa "Mas já??!!", as vezes acompanhado de um "Não é muito cedo??". E eu respondo que sim, já, não é cedo e aqui no Brasil isso é normal.

Não quero defender nem um lado nem outro. Acho sim, que o filho ficar pertinho da mãe nos primeiros anos de vida é uma ótima opção para o bebê, mas sim, vejo bebês que precisaram ser criados sendo levados para a creche ou cuidados por outras pessoas enquanto suas mãezinhas ralavam, e são super educados, queridos, e sem traumas por conta disso. O meu bebê vai só a tarde, 4 horas por dia, e além de necessário acho bom para a socialização dele, é um tempo que estamos separados mas que eu consigo ansiar por ter ele de volta aos meus braços, é uma sensação maravilhosa a do reencontro.

Só que acho estranho, uma sociedade que precisa aumentar a natalidade para não correr o risco de ser extinta, obrigar (muitas das vezes) suas mulheres a terem que decidir entre ter filhos ou ter uma carreira. Porque se cada vez que você tiver que ter um filho precisar pagar alguém (bem pago) pra cuidar de seu filho, porque a quantia de berçários pra antes dos 3 anos ser muuuuito baixa (segundo minhas pesquisas) e o povo te considerar uma megera por passar o dia todo longe da sua cria não é algo que estimule muito o desejo de ser mãe se concretizar não é?

Pra mim, que me via "obrigada" a trabalhar para o sustento e conforto do lar existir, poder ficar com meu filho e ainda receber uma ajuda de custo pra isso, o kindergeld e o elterngeld tem seu lado bom sim. Mas seria melhor se tivesse mais abertamente nas terras germânicas a opção de trabalhar e ter filhos ao mesmo tempo, não como uma obrigação, mas como uma opção de vida. Afinal, ser uma mulher-polvo não é das tarefas mais simples, mas quem é que disse que é sempre ruim e ruim pra nossos filhos?

Um comentário:

  1. Eu tb tenho dificuldade de entender isso. se vc fala que quer ter um filho e ainda trabalhar, o povo te olha como se vc fosse um monstrinho.
    Aí vc acaba sendo forçada a escolher entre uma coisa ou outra. Eu parei de falar disso em casa, pq marido é alemao e tem opiniao igual. O engraçado é que a gente foi criada diferente, com maes trabalhando e nem por isso "nao prestamos"... rs

    Bjs!

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